A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) passou a incorporar critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) em transações tributárias celebradas com empresas. A medida está prevista em norma publicada em 16 de outubro de 2023 (Portaria PGFN nº 1.241/2023) e já foi aplicada em pelo menos três acordos relevantes, segundo o procurador João Grognet. A prática foi tema de debate no evento Global Meeting | Circuito COP30, realizado em 29 de julho, em Brasília.
A PGFN tem adotado critérios baseados em princípios ESG em negociações tributárias com empresas que possuem débitos com a União. Os acordos visam estimular boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa, promovendo maior responsabilidade socioambiental entre as companhias.
A estratégia está regulamentada pela Portaria PGFN nº 1.241/2023. A norma orienta que, sempre que possível, os acordos tributários devem buscar contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU.
De acordo com o procurador João Grognet, três transações com base em critérios ESG já foram efetivadas. Um dos casos envolve uma empresa do setor agroindustrial em recuperação judicial, que assumiu o compromisso de contratar mão de obra local e adotar medidas para promover a equidade de gênero e diversidade interna.
A empresa também se comprometeu com o gerenciamento adequado de resíduos sólidos e com a contratação de fornecedores comprometidos com a sustentabilidade. Segundo Grognet, essas obrigações promovem uma cadeia de impacto positivo que se perpetua.
A procuradora-geral da Fazenda Nacional, Anelize Ruas Lenzi, defende que a transação tributária também pode ser usada para fomentar a inclusão e a equidade nas empresas. Ela questionou a ausência de diversidade em cargos de liderança e sugeriu que o instrumento possa induzir transformações estruturais nas companhias.
“Vejo um espaço importante para que as transações incentivem melhorias na composição dos conselhos e na força de trabalho das empresas”, afirmou Lenzi.
Outro exemplo citado pela PGFN é o acordo firmado com a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa). Além de regularizar débitos fiscais, a transação permitiu que a empresa acessasse financiamento internacional garantido pela União.
Com isso, a companhia levou saneamento a cerca de 20 mil pessoas que não tinham acesso à rede de esgoto. Para a PGFN, a transação teve reflexo direto na melhoria da qualidade de vida da população.
A PGFN também celebrou acordo com o Grupo Cruangi, do setor sucroalcooleiro. Além do pagamento de R$ 217 milhões em dívidas, a transação viabilizou o assentamento de 530 famílias pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O procurador João Grognet destacou que a medida reuniu duas políticas públicas em um único instrumento jurídico: arrecadação tributária e reforma agrária.
Durante o evento realizado pela AGU e pelo Instituto Global ESG, o advogado-geral da União, Jorge Messias, abordou o papel dos tributos na promoção da sustentabilidade. Ele ressaltou que o novo Imposto Seletivo, previsto na reforma tributária e com vigência a partir de 2027, terá função indutora.
O tributo incidirá sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas, alimentos ultraprocessados, cigarros e veículos poluentes. Messias afirmou que a arrecadação não é o objetivo principal, mas sim a mudança de comportamento.
A adoção de critérios ESG em transações tributárias representa um novo campo de atuação para contadores e consultores fiscais. Profissionais da contabilidade devem estar atentos às exigências ambientais, sociais e de governança que possam ser incluídas nos acordos firmados com a União.
Com o avanço dessas diretrizes, espera-se que os escritórios de contabilidade passem a incorporar análises de risco socioambiental em suas rotinas. A tendência é que a contabilidade atue de forma mais integrada com áreas de compliance, gestão ESG e responsabilidade social corporativa.
A integração entre fiscalização tributária e sustentabilidade tende a se intensificar. Além de garantir a recuperação de créditos, a PGFN pretende usar as transações para impulsionar mudanças estruturais nas empresas, promovendo um ambiente de negócios mais justo e responsável.
Para os profissionais da contabilidade, entender os impactos dessas medidas é essencial para orientar clientes e empresas em conformidade com as novas exigências regulatórias e de mercado.
Com informações do Jota
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